“Esperança”, “acima de tudo”: como é escolhido o nome de uma coligação eleitoral?

Com o início das convenções, em 20 de julho, as campanhas que disputarão as eleições municipais deste ano deverão deliberar sobre a formação de coligações. 

Formar uma coligação significa unir diferentes partidos políticos em torno de uma candidatura única. E ela deverá receber um nome, algo que “considere o momento político vivido e as principais bandeiras do candidato”, segundo especialistas em marketing político consultados pela CNN.

Para memorizar

O processo de criação do nome da coligação costuma envolver candidatos, dirigentes partidários e estrategistas de comunicação da campanha. Além disso, a equipe de criação busca “um nome fácil, forte e curto de ser memorizado”, explica o especialista em marketing político Rafa Bergamo. 

Dentre o amplo repertório de possibilidades, as palavras “liberdade”, “segurança”, “medo”, “mudança”, “união”, “esperança” e “orgulho” costumam ser fortes concorrentes, diz Bergamo. 

Nas últimas eleições presidenciais, por exemplo, os nomes das coligações acabaram virando marca registrada das campanhas.  

Quando foi eleito em 2018, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por exemplo, disputou na coligação Brasil Acima de Tudo, Deus Acima de Todos (formada pelo antigo PSL e PRTB). 

Já em 2022, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito na coligação Brasil da Esperança (formada pela federação que inclui PT, PV e PCdoB, pela federação PSOL-Rede e pelos partidos Solidariedade, PSB, Agir, Avante e Pros). 

“Essência”

Na avaliação do especialista Marcelo Vitorino, o nome indicará a “essência” da candidatura: “como ela se vê dentro do processo eleitoral, o ‘espírito’ da campanha”. 

“Serve para nortear outras áreas da comunicação e passar uma mensagem aos eleitores”, acrescenta. 

Neste ano, Bergamo trabalha em campanhas em São Paulo e nas cidades paulistas de São Bernardo, Guarulhos e Itapeva. 

Já Vitorino tem atuado com pré-candidatos de Manaus, Caruaru (PE), Goiânia, Porto Velho, Boa Vista, Uberlândia (MG), Rio Verde (GO), Aparecida de Goiânia (GO), entre outros. 

Sem nomes por enquanto

Nas eleições deste ano, em São Paulo — capital com o maior eleitorado do país —, até o momento, duas pré-candidaturas anunciaram apoio de outros partidos e formarão coligações.  

A chapa de Ricardo Nunes (MDB), que disputará a reeleição ao lado do coronel Ricardo de Mello Araújo (PL), tem o apoio de 11 partidos, além do MDB: PL, PSD, União Brasil, Republicanos, PP, Podemos, Solidariedade, Avante, Mobiliza, Agir e PRD. 

Procurada pela CNN, a assessoria de Nunes informou que o nome da coligação “está sendo elaborado pela frente ampla que defende e trabalha pela reeleição do emedebista”. 

Já a chapa de Guilherme Boulos (PSOL), que tem como vice Marta Suplicy (PT), conta com o apoio de sete siglas, além do PSOL: Rede, PT, PCdoB e PV, PDT e PMB. 

De acordo com a campanha do atual deputado federal, a equipe de criação está pensando em nomes, que devem ser apresentados à coordenação ainda nesta semana.  

A ideia é que o nome seja apresentado nos materiais publicitários que chamarão para a convenção do partido, agendada para o próximo dia 20. 

A CNN procurou os outros nove pré-candidatos na capital paulista para saber sobre a possibilidade de formarem coligações. 

As assessorias de Altino Prazeres (PSTU), João Caproni Pimenta (PCO), Kim Kataguiri (União Brasil) e Ricardo Senese (UP) informaram que não pretendem coligar. 

Vale lembrar que, apesar de Kataguiri manter sua pré-candidatura, o União Brasil tem sido incluído como um dos partidos que apoiam a reeleição de Nunes. 

Já o pré-candidato do Democracia Cristã (DC), Fernando Fantauzzi, afirmou que a sigla está conversando com outros dois partidos “que estão querendo se unir a nós, com indicação do vice”. 

Segundo ele, a expectativa é de que as discussões durem ainda pelo menos dez dias. 

A assessoria de Marina Helena (Novo) disse que a questão está sendo estudada e a posição final será anunciada na convenção do partido – que ainda não tem data marcada. 

Procuradas, as campanhas de José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB) não responderam até a publicação. 

Para entender como se dá a escolha do nome de uma coligação, a CNN ouviu especialistas e coordenadores de campanha ligados à cidade de São Paulo.

Nome da coligação x slogan 

Apesar de ser obrigatório definir um nome para a coligação, os especialistas consideram que, do ponto de vista publicitário, o destaque da campanha se dá no slogan. 

“Slogan é uma coisa estritamente publicitária. O nome da coligação é mais uma formalidade, não necessariamente você utiliza na campanha”, explica Chico Malfitani, responsável pela coordenação de comunicação de Guilherme Boulos nas eleições de 2020. 

Embora tenha entrado na campanha quando o nome da coligação (Pra virar o Jogo) já estava definido, Malfitani foi responsável pela criação do slogan “Honestidade e coragem pra virar o jogo”. 

“Com o slogan, a gente procura definir qual o principal motivo que você vai dar para o eleitor votar no candidato”, analisa. 

Naquele ano, Boulos disputou o segundo turno nas eleições de São Paulo contra Bruno Covas (PSDB), que saiu vencedor. 

A coligação de Covas se aglutinou sob o nome Todos por São Paulo. 

Em meio à pandemia, o coordenador-geral da campanha de Bruno Covas em 2020, Wilson Pedroso, lembra que a ideia era focar em um “momento de união”. 

“Conversando com a equipe de marketing e com a equipe política, nós achamos que o nome ideal. Era uma frase que incorporava tudo que a gente pensava para a campanha do Bruno”, conta. Neste ano, Pedroso integra a equipe de coordenação de Ricardo Nunes. 

Este conteúdo foi originalmente publicado em “Esperança”, “acima de tudo”: como é escolhido o nome de uma coligação eleitoral? no site CNN Brasil.

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